Newsletter da Lua

Newsletter da Lua

Share this post

Newsletter da Lua
Newsletter da Lua
Se eu quiser falar com Deus
Copiar link
Facebook
Email
Notes
Mais

Se eu quiser falar com Deus

Avatar de Lua Barros
Lua Barros
jan 20, 2025
∙ Pago
90

Share this post

Newsletter da Lua
Newsletter da Lua
Se eu quiser falar com Deus
Copiar link
Facebook
Email
Notes
Mais
18
2
Compartilhar

Eu detesto a máxima de que a gente aprende pela dor, porque acho a frase incompleta e perigosa, uma vez que podemos deixar de perceber a beleza e a relevância de aprender através do amor, porém, não posso negar que sim, a dor é uma boa professora. Ou que momentos difíceis têm a capacidade de nos trazer novas perspectivas sobre a vida e sobre a gente mesmo.

Em momentos de dor - aguda, extrema, leve, mediana, não importa - abre-se a possibilidade de mudar a rota, refazer planos, rever a forma como lidamos com as coisas. Algumas vezes isso fica muito óbvio. Outras, demoramos um tempo para entender ou perceber essas possibilidades novas. Eu lembro que em dezembro de 2020, no fim do ano em que teve o fim do mundo, eu tive um aborto, peguei covid e fiquei com uma anemia severa. Foi um momento esquisito, em que tinha tanta coisa acontecendo, que era como se eu não conseguisse processar no meu corpo e nem na minha cabeça, todas as informações daqueles eventos.

No meio desse sarrabulho da vida, caíram no meu colo os livros do Thich Nhat Hanh. Dicas de Túlio, meu amigo estrela. Durante a pandemia foi o budismo que deu uma segurada no juízo dele e diante do meu caos particular, ele achou que seria uma boa. Li Medo e Sem Lama Não Há Lotus, que apesar de rápidos, nunca foram embora de mim.

Essas duas leituras mudaram algo importante na minha maneira de ver o mundo e apesar de não ter me tornado budista - desejo que segue comigo - eu me apeguei aquela forma de encarar o sofrimento de um jeito muito edificante, que me ajudou a voltar para um lugar mais organizado e íntegro. Mas além disso, essa maneira de ver esse sofrimento mudou minha maneira de lidar com as crianças, com os desafios da maternidade, com o tamanho que as coisas ganham ou tamanho que damos a essas coisas. Aquilo foi algo espiritual, que falou com minha alma. Sendo o budismo uma religião, será que foi Deus ou algo divino que me tocou? Eu tendo a acreditar que sim, porque foi muito transformador e eu tenho minhas dúvidas se eu teria feito isso sozinha.

E isso não precisa ser interpretado como sendo: ahhh, então ainda bem que eu perdi meu bebê, que tive covid e achei que fosse morrer.

Não é isso.

Mas é: tudo isso me aconteceu e desse lugar eu pude perceber outras coisas sobre mim. Pude organizar a vida de uma outra forma, mais pacífica, mais bonita até. No meio gratiluz o próximo passo é: “sou grata a tudo o que me aconteceu”, mas eu ainda não estou lá. Não sou grata, porém, compreendo. Não brigo com a realidade, porque ela é soberana, quer eu goste, quer eu não goste. E eu encontro um conforto em acreditar que existe algo maior do que eu, Deus talvez, Buda quem sabe. E que as coisas não estão sob meu controle o tempo todo.

E eu fiquei pensando nisso, porque meu ano começou com o cheiro da morte no meu cangote. Perdemos Túlio no dia 22 de dezembro e no dia 8 de janeiro eu achei que fosse perder Peu.

// Para continuar lendo, faça sua inscrição//

Esta publicação é para assinantes pagos.

Already a paid subscriber? Entrar
© 2025 Lua Barros
Privacidade ∙ Termos ∙ Aviso de coleta
Comece a escreverObtenha o App
Substack é o lar da grande cultura

Compartilhar

Copiar link
Facebook
Email
Notes
Mais