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Nem todo mundo gosta de você

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Lua Barros
abr 28, 2025
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Eu já me acostumei a escrever orientadora parental no campo de profissão dos formulários, mesmo que ninguém saiba ou entenda muito bem o que isso significa. Já me acostumei também a responder que não sou psicóloga (agora emendo com um por enquanto) e estou tranquila de viver de uma profissão inventada, que mistura um tanto da minha vida pessoal com meus estudos e teorias sobre o tema. Lido bem com a exposição nas redes e acho que mais recentemente, encontrei um jeito de fazer isso que tem me agradado e me deixado mais confiante. Manejo bem encontros casuais com pessoas que me reconhecem e acompanham meu trabalho. Abraço todo mundo e tenho algumas histórias muito especiais com mulheres que me confessam a importância das minhas palavras na vida delas. Acho isso muito bonito e sempre que acontece, sou tomada por uma gratidão que não sei explicar sem parecer piegas. Equilibro a vaidade mantendo o pé no chão e esses encontros com seus devidos tamanhos.

Olho para minha trajetória profissional e sinto orgulho, porque tenho dimensão do quanto fui aprendendo no caminho, ali, na frente de todo mundo.

É coragem, viu?

E para dar conta disso sem me autoflagelar pelo medo ou pela culpa de falar alguma besteira ou dizer algo que possa magoar alguém, eu desenvolvi uma técnica que é: legal esse tanto de gente que segue meu trabalho, mas as minhas pessoas, a minha galera mesmo, eu conto nos dedos das mãos. É como se eu tivesse uma noção muito clara de quem importa e de quem não importa, sem que isso seja exatamente um desprezo. Brené Brown em um dos seus livros, apresenta um texto de Theodore Roosevelt intitulado “O Homem na Arena" em que ele diz:

“Não é o crítico que importa nem aquele que mostra como o homem forte tropeça, ou onde o realizador das proezas poderia ter feito melhor. O crédito pertence ao homem que se encontra na arena, com o rosto manchado de poeira, suor e sangue; que luta com valentia; que erra e tenta de novo e de novo; […] que conhece os grandes entusiasmos e as grandes devoções; que se sacrifica por uma causa nobre; que ao menos conhece, no final, o triunfo de uma grande realização; e que, na pior das hipóteses, se fracassar, pelo menos fracassou ousando grandes coisas; e por isso o seu lugar não pode ser junto àquelas almas tímidas e frias que não conhecem nem vitórias nem derrotas.”

Ou seja: se você não está na arena comigo, o que você tem a dizer não importa.

Simples assim.

Eu não respondo comentário ofensivo, não encaro briga nas redes, não me defendo quando tem algum tipo de ataque. Eu simplesmente ignoro ou bloqueio. Já entendi que quando alguém (desse mar de gente que o instagram chama de seguidores) pensa, sente ou fala algo sobre mim, isso diz sobre ela. E não tem nada que eu possa fazer a respeito.

Mas o dia em que coloquei tudo isso em prática foi radical, um caminho sem volta.

O telefonema veio sem claquete, sem um aviso pelo whatsapp para preparar o espírito para uma conversa em tempo real, com voz e interação, como faziam os Astecas e os Maias. O número chamou e eu não sabia quem era - esse detalhe é importante para que fique claro o grau de distância que havia entre nós - mas atendi mesmo assim. Ela tinha meu número porque fazíamos parte de um mesmo grupo de trabalho, desses que se forma meio aleatoriamente e que não tem uma função específica, a não ser reunir pessoas com algum interesse em comum. Nesse caso, era o trabalho na área da parentalidade.

- Lua, tudo bom? Tô te ligando porque queria muito te falar uma coisa.

O que veio depois disso foi um vômito, uma enxurrada de informações que eu não pedi, que eu não sabia e que na verdade, eu nem queria. A pessoa do outro lado da linha dizia:

Decidi te ligar porque tenho me sentido angustiada. Toda vez que eu via seu nome no grupo dizendo alguma coisa, eu revirava os olhos. Mas decidi que isso tinha que parar. Eu sempre achei que você não gostava de mim. Tinha certeza, na verdade. Sabe aquele seu post? Aquele sobre aquele assunto? Eu tive certeza que você escreveu pra mim, porque eu tinha dito uma outra coisa alguns dias antes. Se foi pra mim, pode dizer.

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