Tem três coisas que eu quero muito aprender a fazer. A primeira delas é surfar. Eu acho que surfar deve ser tão prazeroso que, só de pensar, eu já abro um sorriso. Atualmente moro em Brasília, o que faz com que esse desejo fique guardado em um cantinho especial, esperando sua hora chegar. A segunda é aprender espanhol, porque eu acho uma língua sexy e divertida ao mesmo tempo, o que é uma combinação perfeita, na minha opinião. E a terceira coisa que eu quero muito aprender a fazer, é meditar. Esse desejo está no último lugar porque é o mais difícil, mesmo contando o impasse geográfico que se coloca entre mim e o surf.
Essa paquera com a meditação já rola há uns anos e a porta de entrada pra mim foi a yoga. Na prática que eu fazia, o lance era a permanência na postura, ou seja, respirar em uma determinada posição e ficar ali, observando o corpo e a direção de cada fibra do músculo. Além disso, uma vez por mês tinha uma aula que era só relaxamento. E o engraçado era que no começo eu odiava esse dia da aula. Lembro de uma irritação que me tomava quando era dia de relaxar, porque afff eu queria suar e ficar com os braços da Madonna. Até que durante uma dessas aulas, vendo minha respiração bufante e inquieta, a professora sussurrou no meu ouvido, fazendo um carinho no meu braço:
- Por que é tão difícil ficar com você mesma?
Engoli seco.
Senti meu corpo enrijecer de raiva e também de vergonha. Depois, sem qualquer intenção, lágrimas começaram a sair dos meus olhos, descontroladamente. Fui arrebatada por aquelas palavras que eu não queria que fossem verdade, mas eram.