O meu otimismo é uma arma de enfrentamento à dureza da vida. É a minha resistência. Uma força que segura minha cabeça e direciona meu olhar para o outro lado, insistindo que há sim, outras formas de ver o que nos acontece.
Não sei onde aprendi sobre isso, mas desconfio que minha mãe tem uma parcela de responsabilidade. Resiliente como ela só e adepta do bem viver, posso dizer que cresci vendo minha mãe celebrar a vida. Isso para uma criança não é uma informação relevante e pode, inclusive, causar certo desconforto, porque mãe é pra ser bicho discreto. Mas a minha nunca foi assim e hoje volto para essas lembranças com amor, reconhecendo que ali estava sendo construída a minha herança.
Agradeço internamente a essas memórias, mas confesso que tem dias que nem o otimismo dá conta da realidade e vejo nascer em mim um incômodo, porque, por mais que eu saiba que cabe muito sentir dentro da gente, por mais que eu entenda que moralizar as emoções não é de grande ajuda, ao me ver atravessada por sentimentos que não julgo bons ou palatáveis, tento imediatamente mudar a direção, para evitar a colisão. É como se eu fosse adentrar um lugar desconhecido e por isso, inseguro dentro de mim.
Sinto que quando me vejo diante da possibilidade de ser outra coisas que não aquilo que sei sobre mim, enrijeço o corpo, trinco os dentes e não me permito o sentir, como se aquilo fosse errado, menor.
Mas na verdade é só medo.
Sou otimista sim. E o pessimismo me vista de vez em quando.
Sou otimista sim. E a tristeza se instala aqui e ali.
Tudo isso sou eu.
Sexta-feira as notícias trouxeram nuvens cinzas. Fiquei obcecada pelas informações e acompanhando as discussões no grupo de mulheres do qual faço parte. Uma escolha boa - porque as trocas e opiniões desse grupo são sempre muito interessantes. E também uma escolha ruim, porque nós não estamos prontos psiquicamente para o tanto de informação e conteúdo ao qual temos acesso e isso é assunto para uma outra newsletter, mas o fato é que sobrecarregamos deliberadamente nosso sistema. É quase como se a gente se envenenasse por querer e isso não faz o menor sentindo, certo?
Quando ativamos esse modo, nos comportamos como viciados, que precisam de uma outra dose, só mais um pouquinho, vai que alguém disse alguma coisa muito relevante? E assim, a gente termina o dia exaurida, sem raciocinar, achando que o problema é o mundo e não as nossas escolhas diante desse mundo.
Essa era eu na sexta-feira à noite.
E aí, que decidi zerar o jogo. Ou tentar.
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