Eu não posso ser a sua voz.
Um episódio com a minha filha me fez pensar na superproteção e o quanto esse tipo de atitude sempre vai deixar alguém se sentindo muito grande e o outro muito pequeno.
Nós somos uma família que já se mudou muito. Para vocês terem uma ideia de um tempo mais recente, estamos em Brasília há 8 anos e só nesta cidade já tivemos 4 endereços. A facilidade de se movimentar com a vida também já nos fez passar por muitas escolas e minha filha mais nova, que tem 10 anos, já estudou em 7. Nesses quase 16 anos de maternidade, já conheci vários tipos de instituções de ensino e tantas mudanças me trouxeram aprendizagens importantes.
Aprendi que escola não é e nunca será a extensão da minha casa e que isso não é um problema, afinal de contas, a gente só tem a dimensão do quanto o mundo é grande, quando perdemos de vista os seus limites. Se tudo for casa, quintal, a gente estreita nossas possibilidades, como se só existisse a verdade daquele lugar, daquelas pessoas.
Aprendi que escola é o espaço do conflito e que isso também não é um problema, porque o conflito não precisa ser violento. A fricção de ideias nos faz aprender sobre o outro e sobre a gente mesma. Conflitos doem, é verdade. Mas por que temer a dor, se ela é parte da vida e nos ensina sobre nossa inteireza?
Mudar tanto de escola me trouxe também um olhar menos idealizado sobre esses espaços. Não importa a proposta, a pedagogia, a localização, os livros que adota ou não, se tem cantina ou é lanche coletivo, se reza ou canta, se põe criança sentada na carteira ou se deixa correr livre. Todas as escolas são feitas de gente. E gente não é matéria simples.